A Coordenação do Programa Urbano Ambiental Macambira Anicuns (Puama) realizou
hoje a transferência de mais três famílias dentro do processo de remanejamento
para execução dos Parques do Programa. Foram transferidas duas famílias
residentes na Rua Presidente Carlos Luz e uma família instalada na Rua Dr. Rui
Alves, no Setor Faiçalville II. Vale ressaltar que esses imóveis encontram-se
em Áreas de Preservação Permanente (APPs) - áreas em que são proibidos qualquer
tipo de edificação, uma vez que situam-se às margens de Córregos e Ribeirões e
nesse caso específico, os lotes estão às margens do Córrego Macambira.
Para o
coordenador do Escritório Local de Gestão (ELO) – unidade física de atendimento
social e jurídico às famílias – a realização dessas transferências é um passo
crucial para a efetivação do Puama. “Trata-se de um ato muito importante para a
consolidação do Programa, uma vez que essas famílias estavam em áreas onde
construiremos o Parque”.
Ainda de
acordo com o coordenador a ida voluntária das famílias representa um resultado
positivo do processo de negociação. “A transferência dessas famílias está
gerando expectativas em outros moradores, que agora passam a nos procurar para
verificar sua situação”.
Além das
transferências de hoje já foram feitas outras 18, sendo 17 famílias para o
Residencial Orlando de Morais – conjunto de moradia popular criado pela Prefeitura
de Goiânia para abrigar famílias que vivem em áreas de risco, áreas de
preservação ambiental ou posseiros, e uma família para o Jardim Helvécia,
adquirida por meio de Bônus Moradia, um dos mecanismos legais de negociação
utilizado pela Prefeitura para indenizar as famílias.
Duas das
famílias de hoje foram remanejadas para o Residencial Forte Ville Extensão,
região sudoeste de Goiânia, e outra família para o Setor Buriti Sereno, em
Aparecida de Goiânia. Todos os imóveis foram adquiridos via Bônus Moradia.
Apoio
Para a
transferência das famílias a Coordenação do Puama contou com o apoio
operacional de servidores da Comurg, que também auxiliou no apoio logístico.
Vida nova
A
expectativa de uma nova vida e tranqüilidade na cabeça alimentam a esperança de
uma vida melhor para as famílias transferidas. O fato de morarem em área
pública de preservação ambiental tirava o sono de pais e mães de família. Seo
Osmar Ferreira de Sousa, que veio de Marabá no Pará, há cerca de 15 anos, conta
que quando sua esposa e cunhada compraram o imóvel ninguém falou para eles que
se tratava de uma área pública. “A gente não sabia que era área verde, então a
gente não tem culpa”. Emocionado, o pedreiro declara estar mais tranqüilo
agora, indo para um lugar que definitivamente será seu. “Estamos muito felizes
com a nossa nova casa. A gente teve que ceder para a construção do parque, mas
vai ser muito bom para toda a cidade”.
Esposa de
seo Osmar, a dona de casa Raimunda Marques de Sousa disse que desde que
começaram a falar do Puama passou a ficar preocupada, sem saber o que fazer.
“Mas, eu tinha certeza de que não ficaria desamparada e teria um novo lar para
minha família”. Mãe de quatro filhos, as duas últimas criadas às margens do
Córrego, dona Raimunda faz planos para ampliar a nova moradia para acomodar
melhor os filhos.
Já a irmã
da dona Raimunda, a dona Francisca Conceição Marques de Araújo, que comprou o
lote junto com a irmã, mudou para a nova casa com o marido. Os filhos já estão
todos criados e constituíram famílias. Dona Francisca não cabia em si de
alegria, ainda mais pelo fato de mudar para o mesmo bairro que a irmã, com quem
conviveu esses últimos 15 anos. “Estou muito feliz, pois estou muito satisfeita
com minha casa nova, tudo arrumadinho, bairro próximo de onde a gente morava,
com boa estrutura”.
O
representante comercial Edivan de Souza Passos foi quem ajudou na mudança. A
esposa dele estava no trabalho e a filha na escola. O sogro dele, seo Manoel,
comprou a pequena chacrinha há uns nove anos e também não sabia que se tratava
de área de preservação. A família, que também optou pelo Bônus Moradia, foi
transferida para o Setor Buriti Sereno, em Aparecida de Goiânia, por escolha
própria, porque ficaria mais próximo do trabalho de todos. “Estamos com grandes
expectativas, casa nova, vida nova!” Quanto à construção dos Parques do Puama o
morador é taxativo. “Era preciso fazer algo por essa área, pela nascente do
córrego e essa realização vai ajudar não só na questão ambiental, mas também na
opção de lazer para os moradores da região. Será muito bom para todos nós”.
Despedida
Durante a
transferência das famílias, algumas vizinhas foram ao local despedir-se de dona
Raimunda e dona Francisca. O fato de mudar de um lugar onde já criaram vínculos
não as entristece, pois acreditam que será melhor para todos, até porque as
vizinhas próximas também terão que sair para dar lugar aos Parques do Puama. E
para elas, tudo é questão de adaptação, pois quando vieram do Pará para cá
também tiveram que se adaptar. A costureira Maria Aparecida Prates, foi
despedir-se e deixou uma palavra de conforto às amigas. “Vou sentir falta das
minhas amigas, mas eu sei que o Parque é para um bem maior, é para o bem de
todos. E a gente vai visitar uma a outra”.
Relocações
Ao todo,
pouco mais de 800 famílias serão remanejadas ou indenizadas para a construção
dos Parques do Programa Urbano Ambiental Macambira Anicuns. Desse total, cerca
de 200 famílias estão em áreas públicas.
O
processo de remanejamento tem recebido especial atenção, tanto da Prefeitura
quanto do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), financiador do
Programa, e a expectativa é de que tudo ocorra dentro de uma negociação
tranqüila e transparente, cujos benefícios serão desfrutados não só pelas
famílias atingidas, mas toda a população de Goiânia com a realização desse
grande empreendimento socioambiental.
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